Carga Pesada
Na estrada da vida que trafegamos.
As rotas que nos indicaram seguir.
As paradas e perdas que tivemos
Uma cidade chamada Esperança
Alagada pelas mãos do homem
Renegada pela força e perseverança
Cidade dos oprimidos e esquecidos
de percurso esburacado
E o povo como um caminhão velho
e cansado, ossos torcidos e mãos de calo
Sempre obedecendo às ordens do patrão
que nos faz tantas vezes usar a contra-mão
E quanto ao valor da vida
Para ele é somente uma frágil questão
E de tão velho e oprimido
Olhar atento sua estrutura fraca de carne e osso
Tenta não sucumbir em desgosto
Revoltado por respirar tanto pó da ganância
Solta do peito encarcerado um grito de revolta
E essa carga de vida tentamos levar
A miséria a falta de ensino, saúde e dignidade
Combustível do cidadão nordestino
Fica para o próximo destino e do trabalhador
que não tem escolha e nem profissão
O Gerente sorridente diz:
A carga pode ser pesada, eu sei!
Não te dou trabalho e tiro também sua dignidade
Mas em compensação não é nenhuma fortuna
Meu esquecido povo do sertão
e hoje falo com alegria
Criei sua bolsa cidadão
Marcos Milhazes***