O Confidente
  
Em algum lugar do mundo, lá está ele.
Sempre imóvel, atencioso, confortável, discreto e confiável.
São tantas as vidas ouvidas de lamentos, alegrias, conforto do corpo
Histórias variadas imaginárias ou não.
Todas são ouvidas!
Vidas que se entregaram a ele e suas últimas palavras nesse mundo
Jamais serão por ele ditas ou disseminadas.
E como tal, cada qual, sucumbe com seus segredos.
Atencioso, não importa o tema e nem as origens
Dos lamentos das perdas de amor, emprego, injustiças, doenças.
Dos falsos ou dos verdadeiros
Das alegrias, de um passeio dos amados, um saco de pipocas, sorvetes
de verão, um baita cachorro quente, um churrasquinho de um conto e
aquele refresco de boteco.
E nunca se queixa, pois por tantas vezes é atingido dessas bagunças da
tal farra de passeios de fim de semana.
Desde os registros com ele guardados em forma de tatuagem e os recados
em forma de futuras lembranças e seus escritos com jeito de herança.
Do conforto para os mais carentes, oferece seu colo sem medidas, nas noites
frias ou nas tardinhas do Verão. O afeto permitido.
Raros são aqueles que em num cantinho de reflexão, nunca pediram a sua mão.
Milionários, proletários, mendigos, amantes e amigos.
Acreditem!
Para todos aqueles sinceros e que nunca negaram seus fatos e fizeram dele
seu confessionário de igreja, ora veja.
E com tudo aquilo aqui dito dele, continua a sua espera
 Ali no mesmo jardim e com toda a sua graça.
O eterno e discreto amigo de tantas vidas.
Aquele mesmo banquinho da mesma praça...
 
Marcos Milhazes***

 

 

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