Exílio
Como deixaste passar tanto o tempo...
As flores que enfeitavam meu coração
secaram, murcharam.
Já
não sinto seu perfume
que exalava por todo meu ser,
eu
as vi fenecer...
Porque?
Porque agora me procuras,
se em cada
noite sombria
aumentava a dor da tua ausência...
Quantas vezes
acordei em sobressaltos
agarrada ao travesseiro
e várias vezes,
rolando nos lençóis
sonâmbula, busquei os braços teus,
e como um
espectro
pousava nos sonhos meus.
Porque?
Não percebeste que o
tempo é sabido,
inteligente e aperfeiçoador,
que exila com a dor
depois solta-se em fúria
arrebentando tudo
para novos
encontros,
novo amor?
Porque afastaste tanto,
deixando meu
coração em pedaços,
triste, acabrunhado,
sem forças para amar
e tendo a vida para continuar...
Ah, esse sofrimento me
marcou!
Virou do avesso
as linhas marcadas que
o mundo me
proporcionou...
Porque afastaste
nos momentos que mais precisei
de ti, dos teus carinhos, do teu chamego,
do teu jeito de falar,
de sorrir,
do teu olhar, da tua voz sussurrante,
do nosso
gostoso jeito
de amar?
Como me exilei !
Já não sinto mais eu.
O silêncio fechou meus olhos,
minha boca,
meu coração,
já
nem sei mais amar...
O tempo desta vez parou,
enganou-me
para não sofrer...
Cobriu de encantos os dias meus,
ibernou-me nas esferas
celestes e com um poder divino
fez-me
de ti esquecer...
Agora me queres,
pedes para eu
voltar,
como?
Como voltar
se dentro do meu coração naquele
cantinho especial,
ficou uma pedra em teu
lugar....
Autora: Aurora Faggi Perini
S.B.Campo, São
Paulo
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Marcos Milhazes
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